terça-feira, 3 de junho de 2008

A gatinha Branca


Deram à linda Clarisse uma gatinha mimosa, tão branca, tão carinhosa, tão engraçada, tão mansa que a encantadora criança por nome lhe pôs o nome "Meiguice".
Tinha bom leite ao almoço, biscoitos e bolinhos, dormia em sedas e cobertores fofinhos, e ronronava fagueira quando sentia a coleira de fita azul, no pescoço.
Clarisse amava muito a bichinha cor de neve e a gata, nervosa e leve, adorava a pequenita, e tinham graça infinita, estas amigas sinceras!
Veio Raul, o mais louro e traquina dos rapazes, forte e audaz entre os audazes, fanfarrão e desordeiro; correu a casa ligeiro indo encontrar o tesouro, a doce e branca Meiguice, deitada comodamente na cama fofinha e quente da prima, e gritou: — Que vejo?
um bicho tão malfazejo, sobre o leito de Clarisse!
E... zás, agarrou a gata pela coleira de fita e atirou a pobrezita ao jardim e, satisfeito, à priminha o heróico feito foi contar como bravura.
Meiguice debatia-se, no lago, fria e a morrer.
O gaticida sentiu remorso pungente ao ver o pranto tremente no olhar azul de Clarisse.E... correndo, desnudado, deitou-se ao lago profundo, (dois palmos d'água) e do fundo tirou a gata Meiguice, e ofegante disse em tom dilacerante:
Salvei-a!
— Estou perdoado?

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